O Bloguinho da Educação/Educadora Joaquina Damião - "E@D - Ensino e Práticas digitais; e nem tudo foram rosas, e nem tudo foram cardos”

 

“E@D - Ensino e Práticas digitais; e nem tudo foram rosas, e nem tudo foram cardos”

O advento de novos contextos virtuais, especialmente por conta da pandemia do coronavírus, evidenciou uma urgência no trabalho em ambientes digitais e com materiais digitalizados. Para os professores e alunos, diversas modalidades de ensino precisaram de se adaptar às novas ferramentas, mas também a uma nova materialidade, a da tela, por exemplo. A familiaridade com as novas tecnologias que integram uma janela para o mundo, somada ao isolamento social fez-nos refletir acerca das desigualdades sociais e dos seus impactos na atividade docente, constatando-se que ainda existem alunos e professores sem acesso á internet e ao mundo digital pelas mais variadas razoes!...

 Durante muito tempo permaneceu a ideia de que a introdução de tecnologias digitais nas escolas seria prejudicial, pois dispensaria, de certo modo, o papel do professor e distanciaria os educandos do objetivo principal da escola; “ensinar”. No entanto, de modo geral, os educandos e os professores, por estarem inseridos numa cultura digital, deveras já bem conhecida pela difusão das chamadas redes sociais, foram tendo contato com as ferramentas digitais propriamente dias. As tecnologias oferecem de maneira mais eficiente o objetivo primário da escola, que é ensinar.

O ensino e as práticas digitais, proporcionam ao aluno a possibilidade de mais dinâmica nos seus diferentes aspetos educativos, tais como: relacionamento interpessoal entre pares á distância, universalidade da comunidade e família. Vale ressaltar que, embora estejam a decorrer grandes avanços no uso do digital nas escolas e no processo de ensino-aprendizagem, a experiências das crianças e jovens com a tecnologia acontece fora do contexto escolar, na sua maioria sem regras ou acompanhamento parental. Com a pandemia de COVID-19 em finais de 2019 e o início de 2020, o uso pleno das tecnologias e do mundo digital veio a tornar-se uma ferramenta indispensável no contexto sala de aula» (Tiago Brandão - MEC), pois com a suspensão temporária das aulas presenciais, a solução possível foi adequar-se o decorrer do ano letivo às aulas por via remota.

Para tanto, nesse processo foi necessário refletir como aprender e ensinar pedagogicamente (alunos e professores), no contexto digital, e as modificações nas práticas, formas, metodologias e objetivos que têm de ser alcançados. Ao longo dos anos, tem se trabalhado no sentido de melhorar cada vez mais a qualidade do ensino que se pratica nas escolas e agrupamentos, fomentando o espírito de pertença, constituindo-se como uma resposta inovadora e tecnológica que responda aos tempos atuais e às expetativas da comunidade educativa, dos pais e encarregados de educação e alunos. Por isso têm existido ofertas formativas inclusivas, assim como o desenvolvimento de um crescente trabalho colaborativo com a diversificação de metodologias de trabalho e a criação de espaços inovadores tecnológicos um ambiente favorável à aprendizagem, com espaços e equipamentos que propiciem práticas pedagógicas inovadoras, onde o aluno aprende a conhecer, a compreender e a descobrir o mundo; aprende a ser, a conviver, a comunicar, a trabalhar e a valorizar a diferença; a desenvolver a criatividade, o espírito crítico e a autonomia; e onde adquire competências que lhe permitam continuar o seu percurso fora do ensino e ao longo da vida. O contacto online com os alunos teve ser desenvolvida numa comunicação cordial e clara; adotada com uma postura adequada no que se refere à orientação do olhar ou velocidade de movimentos perante a câmara e onde se privilegiou a comunicação de um para todos ou para pequenos grupos, desligando o áudio dos alunos e ligar quando pretendem participar, definindo regras de funcionamento tais como “pedir a palavra”, e criando um fórum de comunicação para a turma, monitorizando sempre que possível o aluno e tentando fazer o esclarecimento de dúvidas através de plataformas “STREAM” no âmbito da Classroom, definindo um prazo de resposta a dar por parte do professor e as respostas aos alunos, de acordo com o horário definido.

No entanto nem tudo foram rosas, e nem tudo foram cardos. A meio do terceiro período de 2019, mais de metade dos docentes ainda não tinham conseguido contactar com todos os seus alunos e, mesmo assim, foram forçados a avançar com novas matérias via online, e onde um estudo publicado recentemente sobre o ensino à distância, concluiu pelo agravamento das desigualdades de aprendizagens, entre família e alunos que menos rendimentos tem disponíveis.

«Confirma-se ainda que, a meio do terceiro período letivo de 2019, mais de metade dos professores ainda não tinham conseguido contactar com todos os seus alunos; apesar disso, mais de dois terços avançaram com novos conteúdos curriculares, impelidos que foram pelas direções de algumas escolas e agrupamentos, e pelo Ministério da Educação».

O ensino não é isto, nem nada que se pareça e deixou cada aluno e professor à sua sorte e todos por sua conta, onde a desigualdade entre alunos, mais social e economicamente desfavorecidos agravou-se, e em alguns casos, perigosamente, quer pela falta de apoios, quer pelas repercussões na família, quer pelo facto de dois milhões de trabalhadores terem ficado em lay-off ou perdido os seus empregos.

O desgaste dos professores, que manifestam enorme cansaço, decorre de diversos fatores que vão da necessidade de adaptação a um modelo inédito de atividade (E@D) – ensino e práticas digitais, até ao facto de ser bastante complicado, estando á distante, acompanhar todos os alunos e satisfazer as necessidades educativas, pedagógicas e específicas de cada um, pelo menos em Portugal

 

Educadora Joaquina Damião

2021


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2021

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