“E@D - Ensino e
Práticas digitais; e nem tudo foram rosas, e nem tudo foram cardos”
O
advento de novos contextos virtuais, especialmente por conta da pandemia do
coronavírus, evidenciou uma urgência no trabalho em ambientes digitais e com
materiais digitalizados. Para os professores e alunos, diversas modalidades de
ensino precisaram de se adaptar às novas ferramentas, mas também a uma nova
materialidade, a da tela, por exemplo. A familiaridade com as novas tecnologias
que integram uma janela para o mundo, somada ao isolamento social fez-nos refletir
acerca das desigualdades sociais e dos seus impactos na atividade docente,
constatando-se que ainda existem alunos e professores sem acesso á internet e
ao mundo digital pelas mais variadas razoes!...
Durante muito tempo permaneceu a ideia de que
a introdução de tecnologias digitais nas escolas seria prejudicial, pois
dispensaria, de certo modo, o papel do professor e distanciaria os educandos do
objetivo principal da escola; “ensinar”. No entanto, de modo geral, os
educandos e os professores, por estarem inseridos numa cultura digital, deveras
já bem conhecida pela difusão das chamadas redes sociais, foram tendo contato
com as ferramentas digitais propriamente dias. As tecnologias oferecem de
maneira mais eficiente o objetivo primário da escola, que é ensinar.
O
ensino e as práticas digitais, proporcionam ao aluno a possibilidade de mais
dinâmica nos seus diferentes aspetos educativos, tais como: relacionamento
interpessoal entre pares á distância, universalidade da comunidade e família.
Vale ressaltar que, embora estejam a decorrer grandes avanços no uso do digital
nas escolas e no processo de ensino-aprendizagem, a experiências das crianças e
jovens com a tecnologia acontece fora do contexto escolar, na sua maioria sem
regras ou acompanhamento parental. Com a pandemia de COVID-19 em finais de 2019
e o início de 2020, o uso pleno das tecnologias e do mundo digital veio a
tornar-se uma ferramenta indispensável no contexto sala de aula» (Tiago Brandão
- MEC), pois com a suspensão temporária das aulas presenciais, a solução
possível foi adequar-se o decorrer do ano letivo às aulas por via remota.
Para
tanto, nesse processo foi necessário refletir como aprender e ensinar pedagogicamente
(alunos e professores), no contexto digital, e as modificações nas práticas,
formas, metodologias e objetivos que têm de ser alcançados. Ao longo dos anos,
tem se trabalhado no sentido de melhorar cada vez mais a qualidade do ensino
que se pratica nas escolas e agrupamentos, fomentando o espírito de pertença,
constituindo-se como uma resposta inovadora e tecnológica que responda aos
tempos atuais e às expetativas da comunidade educativa, dos pais e encarregados
de educação e alunos. Por isso têm existido ofertas formativas inclusivas,
assim como o desenvolvimento de um crescente trabalho colaborativo com a
diversificação de metodologias de trabalho e a criação de espaços inovadores
tecnológicos um ambiente favorável à aprendizagem, com espaços e equipamentos
que propiciem práticas pedagógicas inovadoras, onde o aluno aprende a conhecer,
a compreender e a descobrir o mundo; aprende a ser, a conviver, a comunicar, a
trabalhar e a valorizar a diferença; a desenvolver a criatividade, o espírito
crítico e a autonomia; e onde adquire competências que lhe permitam continuar o
seu percurso fora do ensino e ao longo da vida. O contacto online com os alunos teve ser desenvolvida numa
comunicação cordial e clara; adotada com uma postura adequada no que se refere
à orientação do olhar ou velocidade de movimentos perante a câmara e onde se privilegiou
a comunicação de um para todos ou para pequenos grupos, desligando o áudio dos
alunos e ligar quando pretendem participar, definindo regras de funcionamento
tais como “pedir a palavra”, e criando um fórum de comunicação para a turma, monitorizando
sempre que possível o aluno e tentando fazer o esclarecimento de dúvidas
através de plataformas “STREAM” no âmbito da Classroom, definindo um prazo de
resposta a dar por parte do professor e as respostas aos alunos, de acordo com
o horário definido.
No
entanto nem tudo foram rosas, e nem tudo foram cardos. A meio do terceiro
período de 2019, mais de metade dos docentes ainda não tinham conseguido
contactar com todos os seus alunos e, mesmo assim, foram forçados a avançar com
novas matérias via online, e onde um estudo publicado recentemente sobre o
ensino à distância, concluiu pelo agravamento das desigualdades de
aprendizagens, entre família e alunos que menos rendimentos tem disponíveis.
«Confirma-se
ainda que, a meio do terceiro período letivo de 2019, mais de metade dos professores
ainda não tinham conseguido contactar com todos os seus alunos; apesar disso,
mais de dois terços avançaram com novos conteúdos curriculares, impelidos que
foram pelas direções de algumas escolas e agrupamentos, e pelo Ministério da
Educação».
O
ensino não é isto, nem nada que se pareça e deixou cada aluno e professor à sua
sorte e todos por sua conta, onde a desigualdade entre alunos, mais social e economicamente
desfavorecidos agravou-se, e em alguns casos, perigosamente, quer pela falta de
apoios, quer pelas repercussões na família, quer pelo facto de dois milhões de
trabalhadores terem ficado em lay-off ou perdido os seus empregos.
O
desgaste dos professores, que manifestam enorme cansaço, decorre de diversos
fatores que vão da necessidade de adaptação a um modelo inédito de atividade (E@D)
– ensino e práticas digitais, até ao facto de ser bastante complicado, estando
á distante, acompanhar todos os alunos e satisfazer as necessidades educativas,
pedagógicas e específicas de cada um, pelo menos em Portugal
Educadora
Joaquina Damião
2021
O Bloguinho da Educação
Educadora Joaquina Damião
2021