Não falo de mim porque isso tornar-me-ia uma pessoa vaidosa e
orgulhosa, atributos que só pertencem aos imbecis e aos génios…. Ora
eu…francamente não pertenço a nenhuma dessas categorias. O triunfo, e o aplauso
publico, não têm o dom de me embriagar. Não me estonteia o cérebro a vulgar
monomania das grandezas literárias! Pelo contrário, escrevo com toda a coragem
que tenho, ao ar livre, na praça publica, aquilo que defendo abertamente, sem
muros que me vedem tendo como único intuito que tudo o que escrevo possa
seguramente ser imortalizado num tão renovado infinito monumento literário! E,
sim, só o critico dos críticos…o tempo; só ele poderá tornar o que escrevo
infalível e insubordinável! E enquanto a critica, no uso dum legitimo direito,
avalia livremente tudo o que escrevo, julgando os meus escritos ou optemos ou
medíocres ou detestáveis, eu, em vez de me defender publicamente que tenho
razão, fico-me pela sensatez de esquecer-me do que escrevi para me lembrar
unicamente do que tenho para escrever novamente!... Cheio de luz ou cheio de
sombra, alegre ou triste, que importa o dia de ontem? E já cadáver. Deixemo-lo
em paz. Pensemos no dia que há-de vir, fitando o azul na direção da aurora. Só
os viandantes exaustos é que se sentam de tarde á beira das estradas, medindo
em silencio, melancolicamente o caminho percorrido. Não eu!...Não eu!...
Inspirada em Guerra Junqueiro
Educadora Joaquina Damião
2021
O Bloguinho da Educação
Educadpra Joaquina Damião
2021