VÍNCULAÇÃO E SEPARAÇÃO
O
tema da vinculação bem como da separação encontram a sua expressão em muitas
situações da vida do ser humano. Neste caso especifico e considerando as
diferentes vicissitudes de uma mudança para uma nova etapa na vida, isto é, da
mudança para o jardim de infância e para uma rotina diária que isto envolve,
pensarmos em separação/vinculação faz todo o sentido.
A
vinculação descreve a qualidade da relação estabelecida em desenvolvimento
entre o bebé/criança e a sua mãe ou figura privilegiada, fornecedora de
cuidados. Embora diferentes autores já tenham abordado este conceito,
revelam-se de particular importância as teorias sobre a vinculação formuladas
por Bolbo, cuja investigação demonstra que a necessidade do bebé de se vincular
ao outro é primária ou biológica, e que esta ligação é determinante para o
futuro desenvolvimento da criança, tanto no plano afetivo como cognitivo.
A
necessidade primária de criar um forte laço afetivo evidencia-se durante o
primeiro ano de vida por determinados comportamentos de sinalização e
aproximação, como por exemplo, o chorar, sorrir, chupar, agarrar …
Estes
comportamentos de vinculação manifestados pelo bebé visam encontrar proteção e
segurança no adulto, dependendo a satisfação destas necessidades da
disponibilidade e sensibilidade deste ultimo.
Ao
corresponder às solicitações do bebé, o adulto transmite-lhe um sentimento
fundamental de segurança e esta é a base e o motor de exploração do meio que
rodeia o bebé.
Neste
sentido, uma criança segura desenvolve a sua curiosidade e aventura-se em novas
descobertas com maior facilidade.
Uma
base segura serve ainda de refugio em situações sentidas como uma ameaça ou em
situações desestabilizadoras. Podemos perspetivar, então, a segurança veiculada
por uma boa vinculação num ambiente harmonioso como condicionante á capacidade
de se adaptar a novas situações e, por conseguinte, de realizar movimentos de
separação. Neste contexto, é importante distinguirmos a necessidade de
segurança e proteção da dependência, pois esta é sinal de que a criança não se
sente suficientemente segura para se afastar causando a separação sentimentos
de ansiedade.
A
ausência de uma figura de vinculação ou a instabilidade na resposta às
referidas necessidades do bebé/criança podem assim comprometer a exploração do
mundo exterior e, implicitamente, o desenvolvimento cognitivo. Enquanto ligação
afetiva, a vinculação experienciada serve também de modelo para futuras
relações com outras pessoas, complexificando-se os padrões de comportamento e
os tipos de relação. Evidentemente, a entrada e integração no jardim de
infância representa para a criança a tarefa de gerir um conjunto de
ajustamentos e existem vários fatores que tornam esta passagem mais ou menos
fácil. No entanto sabemos que na atualidade as condições reais raramente são as
ideais e deve ser preocupação de todos os adultos envolvidos nesta nova fase
tentar compreender as necessidades e eventuais angustias da criança, com a
finalidade de criar as melhores condições para viver da melhor forma a
separação do ambiente familiar. Devemos relembrar sempre que cada criança é
diferente e igual ao mesmo tempo…
Educadora
Joaquina Damião
2021
O Bloguinho da Educação
Educadora Joaquina Damião
2021